Eu era daqueles
Que às vezes se pega
Calado, pensando,
Sem saber em quê
Aí eu saquei
Que era perda de tempo
Que enquanto eu pensava,
Eu ficava mais lento
Então resolvi
Me lembrar de esquecer
Distante do mundo
Distante de mim
Distante de tudo
Distante de ti
Agora não penso
Não lembro de nada
Não sei quem eu sou
Nem quem é você
Me mostram retratos,
Me apontam pessoas
Me levam por túneis
Viadutos, lagoas
Que eu não consigo
Reconhecer
De um lado pro outro
Como um cão sem rumo
Eu vivo a vagar
Sem par e sem prumo
Já fui internado
Fui analisado
Foi diagnosticado
Que assim vou morrer
Preciso lembrar
Com a devida urgência
Quando foi que perdi
Minha consciência
Pra recomeçar
A desesquecer
Preciso crer
Que vou conseguir
Mas como lembrar?
Se eu já esqueci?
Tenho que voltar
Ao lugar que parti
Mas como chegar?
Se eu não tenho onde ir?