HORA DA LEITURA

O CARAMELO AZUL

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Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009



Sonhei que nascer era assim: eu nascia e pronto.
No meu sonho, o fato de nascer bastava,
Não era preciso esforço, choro nem medo de tapa.
(Nem na cara nem na bunda)
Não se praticava o ritual
- Com requintes sádicos de crueldade -
De se bater nos indefesos
De se agredir quem chegava.
Era à base de quase nada. De se estar vivo e ponto.
Aí sim, pronto: pra levar muita porrada.
No meu sonho não tinha berçário.
Era uma espécie de armário, dividido em prateleiras.
Nas últimas, arrumavam os mais dóceis.
E, os menos, nas primeiras.
Eu não tinha mãe nem pai.
Nenhum enxoval, nenhuma avó, nenhum avô.
Nada de madrinha, padrinho...
Nem leite nem leito nem colinho.
Normal: como é de verdade aqui fora.
Nenhum bichinho de pelúcia.
Na porta, só a maçaneta
E a fechadura, travada por fora.
Na parede, o quadro de um pintor careta,
uma janela já quase preta, uma TV obsoleta,
Um frigobar já demente e um abajur apagado.
Nem dia nem mês nem hora:
Nenhuma pressa, nenhum calendário.
Nenhum compromisso diário.
Nascer era simplesmente agora:
O ato de morrer, ao contrário.

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